domingo, 27 de abril de 2008

REBELDIA

A palavra é sempre insuficiente: jamais atinge o núcleo da Terra.
Jamais se lambuza no Magma e, portanto, jamais retorna imbuída da fúria das forças da natureza.
Jamais expõe. Ao contrário, oculta.
Jamais escancara. Ao contrário, vela.


ABAIXO A PALAVRA SEM VERDADE!


Ai, eu quero a força absoluta do indizível, portas e janelas destruídas...
Quero a verdade nua e crua, sem molduras...
Sem simulacros nem simulações...
Nem que para isso seja necessário retornar ao grito primal...
Minha alma já não suporta as camadas arqueológicas da civilização...

domingo, 20 de abril de 2008

CANÇÃO DO EXÍLIO II

Fui tomada de assalto por um medo irracional: a expansão do Universo vai nos deixar,a qualquer momento, sem contato possível com os demais fragmentos do Big Bang.
O título da matéria publicada sobre isso era: O fim da Cosmologia (Scientific American -abril de 2008).
Fiquei imaginando essa terrível solidão cósmica - mais uma a ser enfrentada em nossas vidas pós-modernas.
Soltos no espaço e sem vizinhança - mesmo que seja só para bisbilhotar - nossa existência pode vir a adquirir um quê de exílio, onde aquela dor de desterrado não tenha qualquer esperança de resolução.
Será esse o substrato do mito do paraíso perdido ?
Será isso um eterno retorno do mesmo ?Esse apartamento progressivo do núcleo de um Universo será cíclico - algo que se repete indefinidamente como se estivéssemos dentro de uma mandala ?
Será que o prisma através do qual filtramos a vida guarda correspondência com esses momentos astronômicos ? Por que nos sentimos hoje a cada dia mais desligados de tudo o que nos cerca - ilhas humanas sem compromisso com nada nem com ninguém ?
Por favor, não me levem a sério... São perguntas sem resposta de alguém que já está se sentindo como um degredado sideral...

domingo, 13 de abril de 2008

FELINIDADE

Um gato deitado no tapete da sala,
passeia por Universos desconhecidos.


Uma Esfinge me desafia em silêncio...


Após me atravessar suas lanças verdes,
torna-se entediado de mim.


E misteriosamente ...
some pela janela...