quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

NA ESTEIRA DE GUIMARÃES...

Enfim, tudo pronto. A vida encaixotada e preparada para a mudança.Sorri,ao lembrar de um conto de Guimarães Rosa: A terceira margem do rio. E se o destino fosse esse? Jamais chegar...permanecer eternamente na ... trajetividade?
Nossa lógica binária nos engana... sim ...nos engana...
Uma proposição não se resolve entre o sim e o não, entre o isso e o aquilo, entre o “a” e o “b”...inexorável que entre as afirmações categóricas e as negações peremptórias sejam admitidas infinitas possibilidades não contempladas...
Mas somos seres que anseiam por solidez e certezas... Queremos destinos seguros - a margem convencional de qualquer rio - desconsiderando totalmente o princípio fundante da mecânica quântica ...
De onde vem essa necessidade quase orgânica de contornos definidos ? Por que não perceber a vida como uma pintura impressionista ? Uma imagem meio desfocada, uma sugestão, uma linda e sedutora possibilidade... uma nuvem caprichosa que ora é um enorme gato deitado, olhando para o poente, ora um pássaro abrindo as asas para alçar voo...
Ai, a virtualidade confere requinte e poesia ao estar vivo... Arranca-nos ao hábito das consistências efêmeras e nos põe em sintonia fina com o processo inesgotável e contínuo da transmutação...
A terceira margem do rio está franquiada apenas a alquimistas...

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

DEFINIÇÕES PRECISAS

Gosto da sonoridade da palavra ash...

Cinzas jogadas ao vento são exatamente isso: ash...

Poeira cósmica redimida em retorno à casa do Pai.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

MENSAGEM DE SEGURANÇA

Esteja alerta:
A vida ainda vai te assaltar

com todas as suas
cores...cores...cores...cores...

domingo, 18 de janeiro de 2009

UNIVERSOS PARALELOS

Sinto o vazio daquilo que
- de nós -
poderia ter sido ...

(Mas o vácuo
– tal como a lei da gravidade -
sempre foi uma constante na minha vida...)


Contemplo,
impotente,
o mundo de dentro de um espelho...
E sou
apenas nos limites da moldura,
...como uma maldição...


Nossos diálogos transversais
são formas sutis de não-dizer.


Apenas nos falamos
sob a mediação de um oculto narrador:

vã tentativa de contato
entre os mortos e os vivos
em sessão de mesa branca...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

THANATOS

Um inesperado silêncio vai tomando conta de mim... Como uma onda que chega sem violência, mas decisiva...

Aos poucos, entro em trabalho de parto para uma outra vida...

xxx

O telefone toca. A operadora de telemarketing quer falar comigo. Digo a ela que Renata Montechiaro morreu... A mulher – consternada – pede desculpas...

xxx

De fato, não sei dizer quantas peles já abandonei...

Não aspiro mais à risada escancarada: a alegria bacante do mundo já não me seduz... Mansamente, vou me apropriando de um jeito tranqüilo de apenas sorrir... e, a despeito disso, ser mais feliz do que eu era antes...

Não sei, na verdade, se construí meus caminhos ou se o chão se fez sob os meus pés, à revelia da minha vontade...Tenho a sensação de ter estado obedecendo a uma diretriz oculta, e essa parece ser a única certeza intuída que possuo.

A vida se impôs a mim...

Mas não sinto que isso haja violentado a Declaração Universal dos Direitos Humanos...

xxx

Se eu tivesse de fazer uma escolha hoje, sentaria em um rochedo acima do mar, faria uma oração de agradecimento ao Universo e mergulharia no oceano, para um encontro com o deus Netuno
.