Um inesperado silêncio vai tomando conta de mim... Como uma onda que chega sem violência, mas decisiva...
Aos poucos, entro em trabalho de parto para uma outra vida...
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O telefone toca. A operadora de telemarketing quer falar comigo. Digo a ela que Renata Montechiaro morreu... A mulher – consternada – pede desculpas...
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De fato, não sei dizer quantas peles já abandonei...
Não aspiro mais à risada escancarada: a alegria bacante do mundo já não me seduz... Mansamente, vou me apropriando de um jeito tranqüilo de apenas sorrir... e, a despeito disso, ser mais feliz do que eu era antes...
Não sei, na verdade, se construí meus caminhos ou se o chão se fez sob os meus pés, à revelia da minha vontade...Tenho a sensação de ter estado obedecendo a uma diretriz oculta, e essa parece ser a única certeza intuída que possuo.
A vida se impôs a mim...
Mas não sinto que isso haja violentado a Declaração Universal dos Direitos Humanos...
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Se eu tivesse de fazer uma escolha hoje, sentaria em um rochedo acima do mar, faria uma oração de agradecimento ao Universo e mergulharia no oceano, para um encontro com o deus Netuno.
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