segunda-feira, 11 de junho de 2012

Carta a Nietzsche


Mais do que ninguém, entendo a sua dor e  o seu jeito todo peculiar de afrontar o sofrimento.
Lastimo apenas ter  perdido o timer do Universo, e não haver chegado em tempo de oferecer meu colo compassivo de mulher como anestésico.
A estação foi nosso ponto de desencontro: enquanto você partia, eu estava chegando.
Não sei se a minha inútil e extemporânea  compaixão  pode  ter algum efeito para além da temporalidade.
De qualquer forma, diante do mistério, ponho-me em sagrado silêncio e por mais que todas as circunstâncias sejam uma ode ao desespero, insisto teimosamente na superação.
Luto com  Titãs implacáveis dentro e fora de mim.
Somos membros da mesma confraria...
Espero, amigo, ter melhor sorte que você e poder reencontrá-lo para conversarmos longamente sobre tudo o que o tempo nos negou.

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